outubro 07, 2010

Relatos de uma madrugada


Silêncio.

E estalar dos dedos, e correr do vento. Contando as horas com ansiedade.
Junto com as pernas balançando rápidas penduradas na cadeira, um medo cheio de vontade de ser vida. Que cresce pesado sob meus ombros e causam um desconforto ensurdecedor de desejo de sair do lugar.
Aí, percorro minhas mãos pelo meu colo e pescoço. Quero esganar-me. Fecho e abro os olhos, mordo os lábios. Mas não adianta, o relógio não corre na velocidade que deveria.
Silêncio.
Mudo e denso e pesado.
E a cada lento e árduo segundo, ainda mais pesado. Mais peso nas costas e dor nas juntas. Essa respiração difícil está atrapalhando meus pensamentos.
Quer me escapar pelos poros, ouvidos e boca essa sensação que não sabe se é angústia ou espera à qualquer custo. Asfixia-me e não sai, só se fortalece, enquanto eu fico aqui esperando o dia voltar a seguir...
Silêncio.
Nada pior que este silêncio.
E nenhum movimento ao meu redor. Debato-me e lanço-me ao chão, débil, estuporada. Mas quando me olho estou ainda na mesma cadeira, olhando para o mesmo monitor, à espera...
Rasgo as roupas sufocantes. Acender e apagar a luz. Grito!
Meus passos, minha respiração, moedas caindo ao chão, piscar dos olhos, noite. E eu só consigo ouvir este silêncio.
Este maldito e ensurdecedor silêncio.



Poesia da Semana:
Por lembrar de um tempo em que havia alma dentro deste corpo.

Dejá Vu
(Pitty)

Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo nu
Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei prá me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo...
A minha alma nem me lembro mais
em que esquina se perdeu
ou em que mundo se enfiou
Mas já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Faz algum tempo...
A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
ou em que mundo se enfiou
Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa
Não tenho pressa

2 comentários:

Guto Stresser disse...

"To aproveitando tudo antes que isso aqui vire uma tragédia." - MUito bom.
Indiquei seu blog com um selo. Veja na minha página: www.aprazivelirreprochidez.blogspot.com Parabéns (:

Mari disse...

" Mas não adianta, o relógio não corre na velocidade que deveria." FATO!
ah! sempre fico admirada do qto tão bem vc escreve!
ADORO essa música da pity!
bjos