outubro 27, 2014

Ou isto ou?

Eu queria, um dia, alguém que me amasse mesmo com os cabelos despenteados e cheios de nós. Que achasse bonito me ver de chinelos de dedo e a blusa furada que uso quando estou em casa e não notasse que estou sem fazer as unhas há dois meses.
Queria alguém que me achasse importante mesmo eu sendo assim, tão desimportante. Que me achasse grande apesar da minha pequeninez e que achasse que eu falo grandes coisas quando eu só estou repetindo o que aprendi naquele dia.
Seria bom, uma vez, que no lugar das moças bem vestidas de cabelos bem tingidos e alisados e corpos de academia, alguém preferisse minhas espinhas mal cobertas pela base, meus óculos, minhas celulites e minha curiosidade insaciável. Que alguém preferisse meus carinhos ao invés do status que minha aparência não pode dar.
Do status que minha situação sócio-econômica não pode dar. Nem minha família simples e desconhecida pode dar.
Eu queria mesmo que alguém achasse legal eu ser tão do avesso, na cara, nas ideias, e na ausência delas. Mesmo que isso cause estranhamento e cara de azedo em outrem.
Estranhamentos fazem parte, não é mesmo?
Seria legal alguém que achasse legal eu ter um blog de lamentações no lugar de ter um Instagram badalado. Repleto de pés, praias e festas em Low-Fi.
Queria mesmo é que alguém achasse tão bonito estar perto de mim, que escolhesse estar perto de mim sempre.
Mesmo eu sendo assim, meio torta, meio feia. Um tanto fora dos padrões.

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