novembro 15, 2008

Carta ao Sr. Godofredo Pinto

My Diary:

Não sei como vão as coisas aí na Lopes Trovão, caro Senhor Prefeito, mas posso informar ao senhor, como vão as coisas em todo o resto da cidade.
O sistema de trânsito está caótico. E não posso justificar isso como resultado do crescimento da cidade. Talvez um aumento da população... Mas tenho melhores justificativas.
Suponho que o caos do trânsito seja devido ao grande número de veículos privados que são usados no dia-dia.
E suponho ainda, que o grande número de veículos usados seja tão grande porque as pessoas evitam usar os meios de transporte públicos.
E direi ao senhor, o motivo do mesmo.
Não sei como são as coisas aí na Lopes Trovão, mas em todo o resto da cidade, tomar um ônibus é um risco à própria segurança. Talvez devido à falta de policiamento desta cidade, ou pela ineficiência da mesma. Talvez os dois. Não estou certa...
Mas o número de assaltos em ônibus está cada dia maior. E digo isso, caro senhor prefeito, porque talvez as coisas aí na Lopes Trovão sejam diferentes, e o senhor não esteja ciente da situação.
De repente, como as distâncias em nossa cidade são curtas, as pessoas poderiam se deslocar a pé. Principalmente, aquelas que tem o privilégio de morar ou trabalhar na orla da Baía da Guanabara. Apreciariam a linda vista do Pão de Açúcar e do Cristo Redentor. Mas sabe senhor prefeito, diferente do que provavelmente acontece aí na Lopes Trovão, nós não podemos caminhar tranqüilamente pelas ruas apreciando a paisagem. Primeiro, porque aos poucos (na verdade, aos muitos) as paisagens estão sendo substituídas por favelas, e depois, porque caminhar nas ruas da nossa cidade (aquela que antigamente era conhecida como cidade sorriso) é também um risco à própria segurança. O número de assaltos, e à mão armada, está enorme.
Talvez o senhor não tenha percebido... Mas fazer um corredor viário, arrancando mais de 130 árvores não é uma solução para o caótico sistema viário de Niterói (o nome da nossa cidade). Também não é solução para os graves problemas de saneamento que a cidade enfrenta. Tampouco, solução para a questão da crescente violência aqui.
Mas talvez seja por falta de conhecimento. Por isso vim através desta carta mostrar ao senhor a situação de nossa cidade. Porque talvez, as coisas aí na Lopes Trovão sejam bem diferentes.



Crônica da Semana:

O que as mulheres fazem quando vão ao banheiro. Dos seus namorados.
(Tati Bernardi)

Ter camisinha na gaveta é normal, afinal, ele tinha uma vida antes de me conhecer. São oito camisinhas ao todo, se até a próxima sexta continuarem sendo oito, é porque ele não usou nenhuma com outra mulher. Comigo não precisa porque fizemos os exames e eu estou tomando pílula. Pelo no barbeador é normal, anormal seria um barbeador limpo, porque quem limpa gilete é mulher, depois de emprestar sem o namorado saber para deixar o desenho da piriquita bonitinho antes de ir para o quarto. Bom, se a gilete está suja, nenhuma piriquita designer passou por aqui.
Na portinha do espelho não tem espaço para outra escova de dente, o que significa que há muito tempo ele não divide tamanha intimidade com alguém, ou não sabe dividir espaço. Isso é bom ou ruim? Bom, de qualquer forma, eu estou aqui para mudá-lo. E vou comprar um porta-escovas que caibam duas escovas. Aliás, vou comprar uma escova nova para ele, essa aqui tá muito velha. Quantas vezes será que ele já escovou os dentes neste escova depois de transar com outra mulher? Eu odeio essa escova.
Clarice sente a primeira pontada no intestino: o melhor laxante do mundo era vasculhar o banheiro do namorado.
O misto de medo de ser descoberta com medo de descobrir alguma coisa lhe dava cólicas horríveis, o que não era um grande problema já que ela estava no lugar certo para isso.
Enquanto senta no vaso, Clarice aproveita para levantar a tampinha da lixeira, espiar embaixo do carpete e olhar calmamente para os cremes de cabelo no chão do box do chuveiro.
Cremes para cabelo? Mas o seu namorado da semana era quase careca, para que aqueles cremes?
Ué, ela pensa lendo o rótulo do creme e disposta a atirá-lo na parede em poucos minutos: o que o danado faz com creme para amansar os cachos se ele não tem o equivalente na cabeça nem para uma franja?
Clarice parte diretamente para o ralo, este velho amigo das mulheres. Se o ralo tiver um cabelo que precise ser amansado, é ela que vai precisar de remédio para se amansar.
Não, sem chances. De quatro espiando aquele ralo era muita humilhação. Clarice respira fundo, fecha os olhos, conta até três e busca o telefone.
Fernanda atende do outro lado e depois de chamar a amiga de louca, neurótica e mandá-la "sair desta vida", confessa que já fuçou no cesto de roupas sujas de um ex namorado, e para a sua surpresa: achou uma calcinha.
Silêncio no telefone.
Clarice, com o coração e um princípio de vômito na boca, só consegue gemer e desejar desligar o telefone o mais rápido possível, para poder voltar à busca.
–Aonde será que fica o cesto de roupas sujas deste sem vergonha?
–Espera, deixa eu concluir a história. Sabe de quem era a calcinha?
–Da empregada, da secretária, da estagiária, da Gisele, dele mesmo?
–Da mãe dele. A mãe dele era coroa cocota filha, usava umas calcinhas mais sexys do que a minha!
–E você não ficou com ciúmes?
–Da mãe dele. Ok, desligue este telefone agora e procure ajuda psiquiátrica.
E foi exatamente o que ela fez. Desligou o telefone e ligou para sua amiga Ane, que sempre filosofava tanto em cima de suas psicoses que fazia Clarice se sentir importante por ser maluca.
–Sim, claro que é normal você estar neste exato momento vomitando o café da manhã, com piriri e dor de cabeça porque ele tem um creme para cabelos cacheados no boxe do banheiro.
Anormal é você ter se esquecido que ele mora com a filha, que tem longos cabelos cacheados, não?

2 comentários:

Igor disse...

Bem, muitos dos problemas que o sr. Godofredo enfrenta são os restos de poeira que o sr. Jorge Rouberto se indignou a varrer pra debaixo do tapete. E sinto que o novo governo vai ser tão merda quanto o anterior... Sinceramente, Niterói TEM que ter engarrafamento, assalto, violência, enchente, desigualdade. Quem sabe assim o povo ignorante não aprende a votar e procurar ter consciência política antes de insistir em votar nas pessoas erradas? Bom fim de semana, Camila =***

Tutinha =) disse...

hahahahahaahahhaha eu ri muito no final da crônica.. As mulheres são loucas, eu tenho medo de um dia virar mulher. rs Beijão amiga, continue postando essas maravilhas de cronicas.