Quanta bobeira...
É bobeira, eu ter uma possibilidade, um caminho que poderia ser seguido e a cada vez que eu vou chegando perto dele, dou um jeito de desviar o rumo. De fugir.
E eu sempre fujo.
E eu sempre fujo, sem exceção.
Mas por que eu fujo? Porque eu me escondo de mim mesma?
Acho que esse blog é a única maneira que eu tenho de tentar ser sincera comigo.
Eu tenho que me esperar cismar de escrever, para eu me ler e descobrir o que eu estou escondendo de mim.
Por que tanta dificuldade de me assumir o que eu penso e sinto?
Porque tanto medo de seguir o caminho que se abriu a minha frente?
Aí eu fico com essa vontade entalada aqui. Me consumindo e me tentando.
Uma ânsia de saber o que aconteceria se eu me deixasse levar, pelo menos por um minuto.
Sabe quando fica aquela coisa presa dentro de você, com uma vontade de escapar?
Mas que eu não deixo escapar nunca.
E apesar de saber que é isso que me faz ir perdendo as partes pelo caminho, eu continuo não deixando escapar.
Mesmo sabendo que a angústia que carrego fosse se esvair se eu confessasse.
Eu tenho certeza absoluta que este nó que está em mim iria se desfazer. Mas simplesmente, escondo.
Quanta bobeira...
Meu Deus, quanta bobeira...
Será que eu ainda não aprendi que eu só perdi todas as vezes que eu tentei me esconder de mim... E de outros?

Mas dá uma vontade...
Vai, dancer! Deixa de se esconder!
Assume, que o pior que pode acontecer, é nada mudar... É ficar estagnada.
Piorar as coisas não podem.
Ou podem?
É por esse risco que eu me guardo. E me consumo.


É claro que eu tenho glândulas lacrimais... E é claro que eu também amo. Só que nem todo mundo precisa saber disso...



Crônica da Semana:

Vendo Ka 99
(De Henrique Szklo)

Meus queridos e desconhecidos amigos, a vaca foi para o brejo. E aparentemente só comprou bilhete de ida. Quem me acompanha sabe que faz um tempinho que estou à beira da falência. Pois é, gente, mergulhei nela de cabeça. Estou perdendo o controle de minhas finanças mais vou vender caro esta derrota. Minha última alternativa, minha derradeira esperança é tentar vender algumas coisas que eu tenho (e outras que não tenho) para fazer algum caixa enquanto não sou inexoravelmente arremessado para debaixo de alguma ponte. Por isso, além do carro, fiz uma lista daquilo o que eu tenho disponível para vender e espero, sinceramente, que vocês ponham a mão na consciência e depois no bolso para me ajudar. Não querendo ser indelicado, seria bom vocês se darem conta de que já faz tempo que vocês riem de graça às minhas custas. Chegou a hora de retribuir. Propostas sérias podem ser feitas através do meu e-mail, localizado no final desta coluna. Brincadeirinhas, ironias, sarcasmos e comentários inúteis em geral eu estou dispensando no momento, obrigado. Vamos falar de businness, senhores.

Para começar acho que tenho de vender o que dói menos. Vou vender minha alma ao diabo. Quer dizer, para falar a verdade eu não tenho bem certeza de já não ter feito isso antes. Tudo bem, vai, tem tanta gente que vende um imóvel duas vezes e vai pro céu, não sou eu que vou ter de pagar o pato. Até porque não tenho dinheiro para pagar nada. Muito menos um pato.

Outra coisa que vou vender é o almoço para comprar a janta. E conforme a proposta, posso também vender a janta para comprar o café da manhã do dia seguinte e assim por diante. O que me conforta é saber que o Lula tem feito de tudo para que eu tenha três refeições por dia. Enquanto isso, quem quer comprar dois pedaços de pizza de calabresa?

Vou vender meus LPs do Roberto Carlos da época da Jovem Guarda, minha coleção de bonecos do Topo Gigio, 10 times de botão um pouco desfalcados e um kit faroeste completo, composto de dois revólveres de espoleta, cartucheira e estrela de xerife.

Eu estava pensando até em vender saúde, mas já que não está em muito bom estado eu não teria coragem de oferecer para um amigo. Por outro lado posso fracionar o lote. Dividir em partes, ou seja, posso vender alguns órgãos. Tenho tantos. E provavelmente não uso todos ou os uso de forma exagerada e com desperdício. Tenho certeza de que com um pouco de disciplina e uma boa dose de bom senso posso perfeitamentamente aprender a conviver com a ausência de algum ou alguns deles. Além de ser circuncidado, já me separei uma vez, por isso tenho uma certa experiência em mutilações em geral.

Quem aí quer comprar este espaço no Blônicas? Até agora não ganhei nada para escrever aqui, mas tenho certeza que pode render milhões a alguém que saiba o que fazer com ele. Tem uns pequenos problemas, mas quem não os tem? Não posso colocar imagens no meu texto, acho o template muito sem graça e às vezes recebo críticas muito ofensivas. Mesmo assim acho que posso conseguir um bom preço por ele. Gente sem critério é o que não falta neste mundo.

Para vender sangue eu sei que rola um sanduichinho, mas e vender esperma, será que dá dinheiro? É, mas não adianta. Eu jamais poderia fazer uma coisa destas. Não por recriminação, ao contrário: recolheria o material com todo o prazer (sic). Mas ando falhando tanto ultimamente que uma vez broxei me masturbando. Me deu tanta vergonha que fiquei uma semana sem conseguir olhar para a minha mão direita. Já o Max, meu cachorro, está em plena forma. Me disseram, inclusive, que na raça dele uma trepadinha custa uns mil reais. Nada mal para um cara que acabou de sair dos coeiros, se é que cachorro usa coeiros.

Entre objetos de uso pessoal tenho uma arvorezinha meio enferrujada do Prêmio Abril que uso como peso de porta, uma agenda de 2002 (na caixa), mais de cem camisas da Ópera Bufa (quem se lembra?), 25 pares de óculos com pequenos defeitos e um pente com pouco uso.

Estou também em negociações avançadas para me vender aos interesses estrangeiros e praticamente já acertei a venda da minha consciência aos inescrupulosos agentes do capitalismo selvagem.

Meu último bastião, coisa que eu vou detestar fazer, apesar de inevitável, será vender a minha querida e adorável mãe. Excelente estado, único dono, toda original. Peça de colecionador. E, ao contrário do que diz a piada, eu entrego sim. Se não chover.